Eu no comando

Acabei de ler um texto muito interessante no blog Papo de Homem, a respeito das atividades domésticas do homem, que você pode conferir aqui.

Eu sempre fui aquele garoto que sempre deixou todas as atividades "caseiras" pro pai, então realmente não me empenhei em aprender esse tipo de coisa, e acredito que assim como eu, existe muita gente assim por aí. Já meu pai é do tipo "faz tudo" rápido e limpo, porém sem tanto "capricho". Completada minha maioridade, assumi algumas tarefas, e confesso que só aprendi realmente na prática. E tomando liberdade, compartilho as experiências.



Troca de Pneu


Aos 20 anos comprei meu carro, um ford ka 98. Pouco tempo depois, no meu aniversário de 21 anos, resolvi dar uma festa em uma boate Latina bem conhecida. Chamei amigos, conhecidos, colegas de trabalho, chefes, familiares e quem quer que tivesse vontade de ir. Seria minha ultima festa propriamente solteiro.

Festa marcada, fui trabalhar. Às 21 horas, assim que saí, descobri um curioso inconveniente. O pneu do meu carro estava rasgado. Ao que parece, alguém passou uma faca ou canivete fazendo um furo por toda extensão dele. Até então eu nunca tinha trocado um pneu na vida, nunca foi necessário.

Arregacei as mangas e descobri que a pessoa que rasgou o pneu também teve a infeliz idéia de martelar uma das porcas até ela virar um pedaço de ferro retorcido. Depois de algo em torno de 1 hora e meia consegui tirar a porca, arrancar o step do ford ka (Alguém já teve a experiência de tirar um step de ford ka? Com a porca que solta ele enferrujada? Dica: Ao comprar um carro, cheque se o step não está emperrado!!!) e trocar o pneu.

Sim, cheguei na festa, bem atrasado, mas cheguei. E aprendi a trocar o pneu na situação mais inusitada possível.



Reformando o quarto


La pelo dia 12 de dezembro do ano passado, resolvi que iria pintar o quarto. Ele estava num tom "branco gelo" sujo a pelo menos 10 anos, então planejei a pintura la por outubro, mas ja visando que isso tomaria algum tempo, deixei para o período de férias. Mal sabia eu. Com a família inteira sabendo da empreitada (sim, fofocas, meu amigo leitor!) e com desconfiança geral, comecei.

Descobri que boa parte do reboco das paredes do quarto estava se esfacelando, e assim, de uma pintura, passei a uma reforma do quarto. Mudei-me de mala pra sala e virei sem teto em minha própria casa. Arranquei os pedaços de reboco, os refis, corrigi com massa corrida, lixei até arrancar a grossa crosta de tinta que estava em todas as paredes e no teto (nesse ponto minha namorada ajudou. Ou "tentou"), enfim pintei as paredes. Repintei de outra cor (Aqui também recebi ajuda de um amigo), dei varias demãos até que ficasse de agrado, corrigi as tomadas frouxas, corrigi a luminária, reformei a porta e dei uma demão apropriada no vitrô. Resumo da opera, 2 semanas de serviço.

Com certeza se eu não tivesse que aprender e "pegar a manha" de tudo, pra depois fazer eu teria gastado menos tempo, MUITO menos tempo, diga-se de passagem.



A experiência é o maior pagamento


Essas são apenas 2 situações, mas foram oportunidades em que comprovei: A experiência de passar pelo sufoco e sair dele por sua própria conta é indescritível. Ok, ambas as situações poderiam ser resolvidas facilmente com um telefonema e alguns trocados (ou muitos), mas que mérito há nisso? A melhor festa foi justamente aquela em que eu movi montanhas pra ir. O melhor serviço foi aquele que mais suei pra executá-lo. Nada fácil demais é prazeroso. Ok, pode até ser, mas quanto mais difícil for, melhor será no final.

Dalai-Lama disse: "Qualquer coisa que contradiga a experiência e a lógica deve ser abandonada". Mas a ausência de experiência e a perturbação da lógica são combustível essencial para o desenvolvimento de suas habilidades inexistentes, meu nobre amigo.


Então sue a camisa, não é porque você não "sabe" que você não "consegue". O máximo que pode acontecer, é você realmente não conseguir. Mas aí são outros quinhentos...